Na rua de cima há uma casa sem telhados e sem janelas, somente paredes. As portas fechadas possuem aberturas de vidro, sem vidros. Todo o espaço está tomado por mato. Aí complicaria muito a situação. Virando a esquina há outra casa tomada por matos, mas vários anúncios de vende-se e aluga-se me faz pensar se alguém realmente quer viver neste im´óvel. As paredes estão desgastadas, janelas e portas enferrujadas, difícil ver o que tem dentro. Caminhando mais um pouco há outra casa, velha, de arquitetura neocolonial. Suas janelas e portas estão tampadas por blocos de tijolo formando um grande paredão. As janelas do segundo andar seguem o mesmo estilo de tijolos que tampam o que poderia entrar de luz e ar. Vê-se mofo e umidade escapando por algumas frestas, além de uma vegetação parasitária que dá as caras por várias frestas e fissuras nas paredes. Fios de arame farpado decoram a fachada da casa. Descendo a rua em diagonal há uma casa também tomada por matos e entulhos, oriundos de vários processos de destruição. O teto desabou levando consigo a estrutura de sustentação do forro e do assoalho, revelando mais espaços vazios e abandonados. Aparentemente houve uma enchente, pois há marcas de água barrenta até uma certa altura da parede. Também há restos de móveis largados onde provavelmente seria um quarto de criança. Descendo mais um pouco há uma casinha pequena, o telhado está levemente danificado, com algumas telhas faltando e parte da sustentação está comprometida. Entro, verifico as paredes que estão de pé, com socos e empurrões verifico o estado das colunas de sustentação. Avalio as condições do telhado de maneira pormenorizada. Também observo a quantidade de matos, entulhos e o quanto de energia eu teria que gastar arrumando tudo isto.
Achei minha próxima casa.
É sobre ver beleza no desgaste, no que já teve história e ainda está de pé.
Jay
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