[litografia] Coruja Cholo

No auge da minha monitoria na disciplina de litografia, lá na EBA/UFMG, andei testando técnicas pra poder compartilhar com xs alunxs um pouco do conhecimento que eu desenvolvia no atelier.
Nesta gravura, eu usei tousche (bastão gorduroso para desenho na matriz litográfica) diluído e aplicado com bico de pena na coruja, aplicado com pincel na moldura oval, e criei uns efeitos com tousche queimado com aguarrás pra dar uma estética meio envelhecida, manchas de mofo/umidade.

Caracterizando os elementos representados – CORUJA

A Coruja tem essa representação ligada ao conhecimento, sabedoria. Durante algum tempo eu curtia muito essa ave, tinha pequenas esculturas de coruja, em 2012 até cheguei a tatuar uma coruja no meu antebraço. Também as usava como personagens de meus desenhos, gravuras e pinturas.
Enfim, a imagem da coruja foi algo que permeou minha criatividade durante muito tempo, e tê-las feito dentro de temas específicos foi algo que curti bastante nesse período. Foi minha porta de entrada pra trabalhar diferentes estéticas a partir de um mesmo referencial. Também foi minha porta de entrada para vestir animais a caráter, algo que faço com mais frequência atualmente. Ao lado está o esboço que fiz no meu bloquinho A5, utilizando canetas nanquim, Posca e marcador Sharpie Tank.
Esta ideia foi especial, uma coruja com vibe meio Ron Swanson Chicano.

Identidade CHOLO

CHOLO diz respeito a uma identidade fronteiriça existente, sobretudo, na divisa entre México e Estados Unidos. Ciudad Juárez (México) e El Paso (Estados Unidos) são cidades surgidas a partir da separação do povoado de Paso del Norte (México), que foi separada na Guerra de 1846, quando os Estados Unidos usurpou metade do território mexicano e decidiu-se que o Rio Bravo, que cortava a cidade, fosse a fronteira entre os países. Apesar de serem divididas por limites transnacionais, as cidades estão situadas no meio de uma região desértica, e elas possuem trocas muito fortes entre si. Grande circulação de mercadorias e pessoas cruzam a aduana, e o fechamento da fronteira é um fenômeno relativamente recente.
Atualmente, uma cerca do lado norte do Rio separam os países, mas como as cidades são co-dependentes, famílias, negócios, movimentos pendulares, comunidades indígenas e recursos foram divididos, criando uma situação ainda mais complexa de circulação. É nesse contexto que surgem os Cholos. Ainda que eu tenha usado essas duas cidades como exemplo, o fenômeno é algo comum em várias localidades da fronteira, não se limitando à fronteira Chihuahua/Texas.
Cholos são caracterizados como seres fronteiriços, que utilizam da estética para se diferenciarem dos estadunidenses, portanto, são mexicanos (ou, atualmente, descendentes de famílias mexicanas).
É uma identidade que foi desenvolvida a partir dos Pachucos, e isso sim tem um teor geográfico mais localizado, pois El Paso também é conhecida como “Chuco”, e Pachuco seria um termo derivado do “Para el Chuco” (Pa’Chuco), pois muito mexicanos faziam o movimento pendular de morar em Cd. Juárez e trabalhar em El Paso.
Caracterizando a estética Chola, calças pantalones (derivadas do Zoot Suit Pachuco), camiseta canelada branca, camisa flanelada xadrez com apenas o botão superior abotoado, muitos usavam bigode e cabelo penteado para trás (alguns usavam um tipo de redinha para manter o cabelo no lugar), outros usavam bandana (marca registrada de muitos grupos até os dias de hoje). O uso de tatuagens também era muito comum, bem como associação com gangues e grupos identitários como forma de defesa.


Moldura

Pensando na questão dos elementos que eu propus nessa gravura, a moldura é algo realmente especial. Com um estilo bem rococó, com arabescos volumosos e bem marcados, a moldura traz um ar de algo clássico, envelhecido, mas que mantém sua nobreza estética. A mesma ideia eu tive com os efeitos de envelhecimento da “foto”, conferindo um caráter de algo antigo, mas que se mantém ainda firme, apesar das adversidades.
A memória é algo que se cultiva, para que não desapareça.

La Idea, 2015 – Litografia sobre papel Hahnemühle, 300g, 33×44 cm

A litografia pode ser adquirida clicando aqui.

6 e 7 de Maio em Brasília

Dias 6 e 7 de Maio estarei em Brasília participando do @edicoesmotim . Só chegar na Galeria dos Estados a partir das 11h e ver o tanto de gente foda que estará expondo por lá. Levarei algumas obras inéditas, gravuras clássicas, adesivos, prints e camisetas. Eu estarei na mesa 33, aos lados dos amigos da @impressoesdeminaseditora e do compa @_oberas

Bora!!!

Camisas dos Guaxininhos – Pré-venda até 18/03/23

COMPRE CLICANDO AQUI

**PRÉ-VENDA ATÉ 18/03**

Previsão de envio: 15/04/23

Guaxinins expropriadores, invadem espaços abandonados para se apresentarem. Assim funciona o grupo ROBA y COMPARTE, cujxs integrantes fazem uma mescla de instrumentos acústicos e mal regulados para tocar as canções mais ousadas do Folk, da Kumbia, e do Krust, compartilhando ideias e experiências. Em 2023 saem em turnê pelo continente Abya Yala, abrindo os corações e as mentes, liberando os quatro muros de qualquer que seja seu proprietário.
“Kontra toda autoridade, a favor da Koletividade!”

Camisetas tipo Raglan, produzida 100% com algodão ecológico Menegotti, de alta qualidade.
Estampa produzida em serigrafia artesanal, no estúdio La Idea (BH-MG)
Camisa branca com mangas pretas.
Disponíveis em vários tamanhos (Do PP ao XG).

Roba y Comparte – Abya Yala gira 2023

Roubar e compartilhar pelo continente é o tema da banda imaginária Roba Y Comparte, composta por Guaxinins vestidos a caráter, enquanto tocam belas canções de protesto ao som de Kumbia, Crüst e FolkPunk. A ideia surgiu a partir de um diálogo com minha amiga Laís, onde ela falava sobre o simbolismo anarquista dos guaxinins, que roubam, furtam e enfrentam autoridades, sempre de forma coletiva. Ela me enviou vídeos para demonstrar isso. A analogia com anarkopunx foi imediata. A ilustração foi produzida no início de 2023, bem como alguns cartazes e em breve será feita estampa de camisas também.
Sobre as bandas colocadas nas estampas, patches e adesivos nas vestimentas e instrumentos dos Guaxininhos, aqui vai uma lista:
– Bestiärio
– Cólera
– GBH
– Days n’Daze
– Against Me!
– Pigeon Pit
– Dead Kennedys
– La Lira Libertária
– Black Flag
– Las Calles
– Los Dolares
– Los Crudos
– Fun People
– Tragedy
– Crass
– Rastilho
– Doom
– DER

O PÔSTER EM SERIGRAFIA, TAMANHO A3, PODE SER ADQUIRIDO CLICANDO AQUI.

Stencil Halftone em duas cores

Halftone” ou “Meio Tom” é um recurso gráfico muito utilizado nas técnicas de impressão por conseguir simular, com poucas cores, um certo realismo na impressão. Sabe quando você vê uma fotografia antiga nas páginas do jornal e ela é formada por diversos pontinhos? Isso é um halftone.

Já faz algum tempo que eu tenho estudado um pouco disso nas minhas impressões, sobretudo trabalhando os efeitos no Photoshop, e transpondo para impressões feitas de forma artesanal. Aqui, aqui e aqui tem alguns modelos de impressão em halftone que andei testando aqui no meu estúdio.

Há alguns meses iniciei um projeto para trabalhar halftone em stencil com duas camadas de cor. A ideia é trazer mais realismo à imagem final. O formato escolhido foi o A2, por ser grande o suficiente para conseguir se tornar cartaz lambe-lambe posteriormente. A foto que usei de modelo se refere à um encontro Zapatista, e nela uma mulher amamenta uma criança enquanto participa da deliberação de alguma pauta. Uma imagem forte, que me traz elementos de organização, resistência e maternidade.

Fotografia de Emiliano Thibaut

Como o papel tem fundo branco, pude trabalhar com duas cores mais escuras em meus modelos virtuais. Optei por fazer haltone de linhas, em que o que engana nossos olhos e nos faz enxergar a fotografia é somente a diferença de espessuras das linhas. Para dar um efeito interessante, cada camada de cor teria uma inclinação de 45° em direções opostas, formando algo parecido com uma tela. Decisões tomadas, fiz a impressão e comecei o processo de corte, começando pela camada superior e mais trabalhosa.

A camada inferior, além de menos detalhada, preferi fazer as linhas com uma espessura maior, para diferir das linhas mais finas da camada superior. Era para servir como base, como uma cor intermediária antes dos detalhes e do contraste final.

O resultado dos cortes ficaram bem interessantes. Eu usei plástico de encadernação transparente, pois é bem fino e resistente, sendo mais fácil de cortar que um acetato, por exemplo, também conferindo mais resistência à umidade e ao calor.

Na hora da impressão, pensei em um vermelho como cor intermediária na primeira camada, e preto como fechamento, pra subir o contrate final. Mas duas coisas aconteceram nesse processo:
1 – O preto por cima do vermelho tampou os detalhes da camada vermelha;
2 – A junção preto + vermelho escuro deixou a imagem desnecessariamente escura, como se fosse uma foto de ISO100 no final de uma tarde nublada.
Desta forma, ao invés de utilizar o preto chapado, optei por um preto transparente, conhecido como Fumê, para manter uma cor intermediária mais suave. Este último resultado me agradou mais.

Enfim, todo processo feito à mão, cortado com estilete, acaba tendo suas limitações, e a questão é buscar a melhor forma de concluir a impressão de uma maneira que agrade aos olhos. O processo de ser artista consiste nessa reflexão a cada etapa, fazendo escolhas para seguir adiante da melhor forma possível. A impressão do vermelho escuro combinado com o fumê foi a que mais me agradou, deixou os traços mais suaves, os detalhes mais aparentes.

O que acharam?

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Capas do livro Balbúrdia, de Iago Passos

É com muita alegria que anuncio aqui a produção das capas do livro Balbúrdia, de Iago Passos. É uma capa bem interessante, com referências aos emojis, projeto do Preto Matheus que também desenvolvia projetos parecidos no coletivo 4e25. Foi produzia em serigrafia, metade das capas na cor preta, e a outra metade na cor branca. As capas foram impressas aqui no meu estúdio, e levadas para a Editora Impressões de Minas para a finalização do livro. O livro está em financiamento coletivo e pré-venda até este início de dezembro, e você pode adquirir seu livro e recompensas clicando aqui. Se animar, ajude a divulgar a campanha, tá quase na meta já.

Impressões dos poemas visuais da Débora

Olá pessoal, passando aqui para publicar o e-mail que recebi da minha amiga Débora, que conheci em um curso de fanzine e escrita promovida pela Papelícula e Estratégias Narrativas. Ela me procurou para fazer as impressões em serigrafia de uma série de poesias dela. Os cartazes estão à venda, com promoção se comprar o kit das três impressões. Os próximos parágrafos são de autoria da Débora Diburim:

Olá!

Com grata alegria, chego pra contar que os poemas visuais da série “a voz das minhas avós” estão disponíveis em pôster em serigrafia, mui caprichosamente confeccionada por La Idea (@cyco.idea)

O verso “a voz das minhas avós” ficou girando na minha cabeça e no meu coração desde 2012, quando vó Zezé fez a passagem. Em 2021, uns dias após a primeira aula sobre poesia visual com Juliana Pondian, no curso Poesia Expandida do Centro de Referência Haroldo de Campos, da Casa das Rosas, São Paulo (SP), me peguei digitando a frase no Word. Variei o corpo da fonte, ponto a ponto, até o tamanho 1, e apareceu uma imagem ambígua: língua e/ou púbis – esta última forma acabou engendrando um segundo poema: “a fala da minha mãe”. Experimentei diferentes fontes e aquela que mais teve a cara – ou a corpa – dos poemas foi uma da família Lucida, para minha grata surpresa, cocriada por uma mulher: Kris Holmes. Um terceiro poema veio completar a série: “as rimas das minhas irmãs”.

Numa montagem com fotos de família, apresentei esses poemas no sarau Foice, em julho’21. Em seguida, eles viraram lambes (cartazes de rua), especialmente para compor o mural idealizado pela artista Marlene Santana, na Vila Medeiros, em São Paulo (SP). Depois, esses lambes estiveram à venda no Leilão Piolho Nababo Topa-Tudo, no Instituto Undió, em Belo Hrizonte (MG), em dezembro’21. Mais recentemente, estiveram em outro mural, no Festival de Colantes, em Uberlândia (MG).

Agora, os três poemas são também PÔSTER em SERIGRAFIA. Para quem quiser o(s) seu(s), aí vão os detalhes: serigrafia. Tamanho A3 ( 297x420mm). Papel ColorPlus Branco Alaska 120g. Impressão em vermelho. R$50, cada, ou R$120, o trio. Envio para onde você estiver. Para adquirir o(s) seu(s), basta responder a este e-mail.

E para quem ainda não me conhece, me apresento: sou Débora Rossi Fantini (1983), poeta, jornalista e servidora pública. Nasci em Sabará (MG), vivo em Belo Horizonte (MG). Atuo no campo da poesia expandida, transitando por tipografia, caligrafia e bordado, dentre outras linguagens. Autopubliquei o livro de poemas “Vulcã” (2021), disponível no perfil do instagram @diburim. Sou autora de “alfabe)r(to”, livro em processo publicado no perfil @diburim.docx. Publiquei poemas em revistas como “A Zica”, “Goma”, “Eu Tenho uma Objeção”, “Bufo” (no prelo). Expus na Uma Mostra – Galeria de Arte Virtual Unifal.

Abra-

sol,

Débora

Aula de Registro de Impressão de linóleo/xilo – parte 2

Já está disponível no meu canal de Youtube a segunda parte da aula de registro de impressão para linoleogravura e xilogravura. É uma técnica que requer um pouco mais de cálculos em relação à primeira técnica, e que vai funcionar para fazer gravuras com várias matrizes, ou mesmo matriz perdida. Espero que gostem.

Gravura contra o neofascismo

Basta ler o livro de Jason Stanley “Como funciona o fascismo” para entender que não há argumentação que mude a ideia de um fascista. Buenaventura Durruti dizia que ‘o fascismo não se discute, se destrói’. Estamos lidando com os fascistas e suas necropolíticas há 80 anos, lutando a favor de uma democracia falha, que abre espaços para que esse tipo de pensamento ganhe espaço e poder. Todos os anos surgem novos governantes ao redor do globo reproduzindo o mesmo discurso de ódio e purismo como eram apresentados nos anos 30. Lembrando que o fascismo não existe apenas a nível governamental. Está presente no dia a dia, nas ações, nas ideias. Não se deixem enganar. Liberdade de expressão anda de mãos dadas com respeito e solidariedade, nunca com discurso de ódio.

Abaixo o vídeo em timelapse de um projeto para uma capa de uma coletânea que reúne bandas de todo o mundo cantando e tocando contra o neofascismo. A convite do Marcelo, vocalista da banda Las Calles, eu desenvolvi esse projeto. Para destruir o fascismo, necessitamos coletividade, solidariedade, respeito e ação direta.

“Seja de qualquer cor, de onde for, vem meu igual.” Cólera

“Sua tolerância a um regime, onde a essência humana é aviltada, não o torna também o inimigo, aquele a ser varrido de sobre esta terra? Ignorar o fascismo é se tornar fascista. Moscas que fazem parte desta sujeira.” Solstício

“Os assassinos livres no poder
O fascista imune as leis
Limpeza étnica
Fria e brutal”
Ação Direta

“Adolf me lembra só agonia, sangue, dor, lágrimas e melancolia
Adolf me lembra restos mortais que foram resultado das diferenças raciais
Adolf me lembra destruição de assistir ao chumbo quente entrando em um coração
Adolf lembra racismo e me dói ver alguns jovens filiando-se ao seu fascismo
Num mundo sem fronteiras só de cooperação
Seriamos todos amigos, seriamos todos irmãos
Sem estados, sem limites, sem países, sem fronteiras
Vermelho, preto e branco não será mais sua bandeira”
Street Bulldogs

Stencil em Halftone

Halftone (ou Meio Tom) é um técnica de criar efeitos de degradês e luz e sombras, utilizando apenas uma cor chapada. Consiste em utilizar formas em diferentes tamanhos e espessuras para “enganar” o olho e simular uma imagem como se fosse real.

Muito utilizado em técnicas como serigrafia, xilo/linóleo e stencil, o Halftone é a principal técnica de simplificar a matriz para conseguir um bom resultado de impressão artesanal.

Nesse caso, eu peguei uma foto antiga, de uma modelo que pousou para o artista Alphons Mucha, e fiz uma versão em Halftone em stencil, utilizando linhas. Repare que as linhas possuem diferentes tamanhos e espessuras.

Esta é a foto original, que serviu de modelo para meu stencil.

As impressões podem ser adquiridas na minha loja online.

Stencil Mars Blackmon/Spike Lee

Conheci o personagem Mars Blackmon assistindo ao seriado “Ela Quer Tudo”, dirigida por Spike Lee. É uma série adaptada do filme homônimo dos anos 60, dirigido e estrelado por Spike Lee também. A série/filme gira em torno das experiências sociais, amorosas, profissionais de Nola Darling, e Mars Blackmon é um dos personagens coadjuvantes.

Comecei a ver a série por conta do visual do personagem Mars, com Anthony Ramos fazendo seu papel. Messenger com single speed, visual a caráter bem estiloso, cap de ciclista, personalidade própria, o personagem com quem mais me identifico dos três coadjuvantes. Essa imagem me fez querer acompanhar a série e, posteriormente, ver o filme.

O filme é diferente, traz elementos do contexto da época, e Spike Lee soube aproveitar bem o tempo/espaço, e as discussões e reflexões que os acompanham, em cada cena. Ambos trazem reflexões sobre a vida na cidade, racismo, relações humanas, cultura. Acho que vale a pena assistir.

Esses stencil que eu fiz é uma homenagem a esse personagem, Mars Blackmon, e seu criador, Spike Lee.

A impressão deste stencil pode ser adquirida através da minha loja virtual.

Mais uma xilogravura na área

Desde 2019 que eu estou trabalhando em uma matriz de xilogravura com a temática de imigração. Eu vi essa imagem de um cara pulando a cerca que separa Chiuhuahua do Texas nos idos de 2009, quando ainda assinada Le Monde Diplomatique. 3 anos depois eu fui morar nesse mesmo local, Ciudad Juárez, Chiuhuahua, México. É uma relação de cidade bifronteiriças e binacionais. Nunca tinha ouvido falar de relações deste tipo. Os habitantes passam e voltam a fronteira todos os dias, pois moram no México, trabalham nos estados Unidos, compram coisas nas duas cidades, se divertem nas duas cidades. É bizarro. É uma questão bem diferente se pensar nesse muro/cerca vergonhosos que foi construído ao longo do Rio Bravo, que divide os dois países.

Tardou muito tempo até que eu conseguisse concluir essa gravação. Ela tem detalhes precisos em apenas parte dela, mas a questão é que eu sempre deixava outras tarefas para serem feitas antes e sempre adiava a conclusão desta matriz.

A madeira utilizada foi um compensado de pau marfim, no tamanho um pouco maior que um A4. Utilizei basicamente goivas tipo faca, e usei goivas em V e em U para fazer pequenas incisões ou remover o fundo.

Movimentos migratórios sempre existiram e sempre existirão e não será um muro que irá eliminar esse processo. Mx/US, Ceuta, Palestina/Israel, Grande Muralha, Muro de Berlim, construções que trazem vergonha à humanidade.

Os vídeos com os processos de gravação e de impressão podem ser conferidos no canal de Youtube ou no IGTV do Instagram.

Primeira Live no Insta

Hoje fiz minha primeira Live. Foi interessante, foi 1 hora com um processo de impressão de uma xilogravura, cuja matriz foi gravada já há algum tempo mas nunca foi impressa. Algumas pessoas assistiram, trocaram uma ideia, perguntaram sobre o processo, sobre dúvidas e foi bem interessante. Como foi a primeira, acho que algumas coisas ainda podem melhorar, hahahaha, mas foi um processo importante nesse tédio chamado isolamento social, hahaha.
A Live completa está disponível no IGTV do meu Instagram ou a seguir:

Mais estudos com cromia

Disponibilizei para venda mais um policromia que eu fiz. Desta vez, optei por pontos em formato elíptico que, em teoria, me daria uma riqueza maior de detalhes. Como a foto de referência foi diferente eu perdi a oportunidade de comparação entre as duas possibilidades. Mas o resultado me agradou muito. Para as próximas, talvez eu tente diminuir um pouco os pontos para ter ainda mais detalhes, vamos ver.

A policromia está disponível para venda clicando aqui.

Aula de registro de impressão – parte 1

Já está disponível no meu canal do YouTube a terceira aula online e gratuita desta série que estou gravando durante o isolamento social.

Trata-se da primeira de três técnicas de registro de impressão que irei ensinar. Essa é a mais simples delas. O registro é fundamental para que sua tiragem seja regular, e também para facilitar o encaixe de outras camadas, se houver.

As aulas são gratuitas e estarão sempre disponíveis, mas se você quiser e puder há um sistema de doação voluntária e de qualquer valor para auxiliar na manutenção das oficinas.

Espero que gostem, e se houver qualquer dúvida não deixem de entrar em contato.

Saludos.

Imprimindo linoleogravuras

Recentemente tenho feito alguns testes de impressão de linoleogravuras que eu já tinha gravado faz um tempo. Trata-se de uma gravura de bandana e outra de uma mãe zapatista amamentando o filho. Inicialmente as matrizes foram concebidas para serem impressões distintas, gravuras diferentes, mas entendi que elas funcionavam bem melhor quando juntas em uma pequena experimentação que fiz.

A matriz da bandana foi bem complexa de gravar e o processo foi bem longo. São muitos detalhes e eu usei a goiva micro V da Speedball para que a linha ficasse bem fina e os detalhes bem delicados.

A matriz da Madre Zapatista foi mais tranquila de gravar. É uma matriz com fundo removido, quase impossível de fazer registro se associada à outra matriz, e eu cheguei a fazer alguns testes de impressão utilizando papel amarelo Canson, tinta vermelha e uma prensa de tortillas mexicanas. O resultado me agrada, mas depois que eu fiz o teste de impressão com as duas matrizes juntas, o resultado é muito mais satisfatório.

Ao final, consegui isolar uma parte da impressão da bandana, e depois encaixar a matriz da Madre meio que no olhômetro. Fiz testes em três qualidade de papéis distintas: Hahnemühle, Arroz Japonês e Fibra Artesanal. Todas as impressões finais foram feitas com tinta de xilogravura a base de água e a impressão foi feita com baren, de forma bem artesanal. Todas as cópias disponíveis já estão à venda na loja online, com frete grátis para BH.

Sobre policromia e serigrafia

Neste mês de Junho estou retomando as atividades em meu atelier. Fiquei um tempo parado, tentando trabalhar em casa e, desde o início deste mês, iniciei uma série de reformas no meu espaço de trabalho. Ainda precisando aquecer as técnicas, andei treinando algumas coisas para retomar as atividades, reorganizar os espaços, ver os materiais que ainda tenho disponíveis, o que ainda dá para usar, formas de trabalho e locais de produção. Isso tudo é um processo de reorganização para me adequar à rotina de trabalho novamente.

Uma das técnicas que andei treinando na serigrafia é a de POLICROMIA. Policromia é uma técnica de impressão em 4 cores básicas (ciano, amarelo, magenta e preto – CMYK) em que o resultado fica bem próximo de uma imagem fotográfica. A combinação destas 4 cores, consegue fazer com que nossos olhos enxerguem uma gama gigantesca de tonalidades. Desde 2014 que eu não trabalhava com essa técnica, e acho que foi um bom momento para testar meu conhecimento.

Impressão separada das cores Ciano, Magenta, Amarelo e Preto

A policromia é um conjunto de pontos, de diferentes cores e tamanhos, e é justamente esse efeito que engana os nossos olhos. É a forma gráfica do que podemos chamar de realismo na serigrafia artesanal. Como veremos nas fotografias a seguir, os pontos possuem diâmetros diversos, e nas fotografias utilizando uma lente MACRO, podemos ver detalhes da sobreposição destes pontos.

O resultado final da impressão, imagem que está logo a seguir, pode ser adquirido em formato A3, papel Canson 140g através da Loja Online. Em breve farei um vídeo tutorial ensinando a fazer, desde o processo no computador até a impressão final.

Impressão final, com as 4 cores sobrepostas.

Espero que tenham curtido, porque eu curti demais voltar a trabalhar forte na serigrafia. Abraços.

Aulas virtuais – Linoleogravura

Olá amiges, hoje inicio uma nova era no que diz respeito a trabalho. Em tempos de COVID-19 muitas pessoas têm buscado soluções através da exposição virtual em busca de manutenção das contas, de sanidade e de ampliação das redes. Comigo não será diferente. Comecei a gravar algumas vídeo-aulas onde ensinarei algumas técnicas de gravura, apresentarei alguns trabalhos de forma bem didática, e espero muito que essa metodologia dê certo. Pode ser que seja um “tiro no escuro”, pois o conteúdo é bem parecido com os que eu ensino nos cursos e oficinas presenciais, e pode ser que eu perca alguns possíveis alunes do meu atelier, mas estou confiante que com os vídeos eu consiga outres alunes e que as oficinas presenciais se tornem experiências mais ricas, com mais trocas, consultorias e produção mais ativa. Pelo menos é o que eu espero.

Para inaugurar esse novo tempo, disponibilizei de forma gratuita no meu canal do YouTube a primeira aula, que é de Linoleogravura. É uma aula de 1 hora de duração, onde veremos desde o desenho, passando pelo decalque e gravação, até a impressão. Falaremos sobre os materiais, alguns procedimentos, conheceremos as formas de se fazer, e a ideia é aprofundar nas técnicas aos poucos. Começar com a linoleogravura é um passo bem grande para quem pretende iniciar nas técnicas de gravura.

Além do curso de linóleo, ainda pretendo publicar as aulas de matriz perdida, linóleo/xilo com várias camadas, impressão em degradê, stencil básico, stencil para estampas, stencil intermediário, stencil avançado, serigrafia “na tora”, e serigrafia básica.

Ainda não filmei tudo, e tem sido um desafio muito grande pensar no roteiro das aulas, coletar essas imagens, editar e fazer propaganda, tudo isso ocupa boa parte do meu tempo, e eu gastei em torno de 5 dias para conseguir publicar essa primeira aula de 1 hora de duração.

Os cursos, apesar de gratuitos online, geram custos de produção e eu disponibilizei através deste link uma oportunidade para receber doações de qualquer valor, caso você possa e tenha o interesse de ajudar na manutenção dos vídeos.

O link para assistir a aula já está disponível, espero que gostem. Se tiver sugestões, críticas, comentários, podem publicar aqui ou na caixa de comentários do YouTube.

Abraços