Topo
Outro dia li em algum lugar que a pessoa sem ter para onde ir só a restou chegar ao topo. Eu fiquei pensando o que é este topo que as pessoas tanto buscam.
O que me chamou atenção foi esse lugar imaginário, o alto, o cume, o ápice, a ponta, mas sempre pensando em um grau elevado. O que significa alcançar essa quimera?
Primeiramente, óbvio, busquei ajuda no dicionário: TOPO pode significar esse ponto mais alto, mas também significa “extremo”. Essa segunda definição talvez passe despercebida e oculta na maioria dos casos.
Eu entendo quando “topo” é usado como esse lugar que desejamos. O lugar da figura do sábio, alguém que está em uma posição elevada, e nós como seres humanos buscamos também ter o papel de certa referência. O pico da montanha, o topo da pirâmide, o céu.
Lugar onde reside um conhecimento e uma energia sublime, logo quem está lá se torna alguém superior.
Mas também é uma posição inventada: reis, políticos, religiosos, imperadores, empresários, charlatães de um modo geral… Todos clamam ocuparem estes locais. Desejam uma superioridade autoproclamada.
Mas acho que se pensarmos que também que topo pode ser um extremo, de forma genérica mesmo, as coisas tomam outra dimensão.
Chegar no extremo da dor, das emoções negativas, da [in]sanidade mental, da violência, da manipulação. No extremo até onde podemos suportar alguma coisa.
Parece demasiado trágico restar apenas o extremo, como se não pudéssemos mais ter escolhas.
Será que é o topo mesmo que estamos buscando?
Depois deste extremo é o fim? Depois do cume vem o declínio?
Nosso trajeto é feito de sobes e desces, de um lado para o outro, de vais e vens.
Prefiro acreditar na caminhada.
