Joan não entendia muito bem como foi que chegou naquele lugar. Tudo começou com uma curiosidade.
Joan morava em um pequeno povoado no interior. Este povoado sobrevivia da extração clandestina de metais preciosos do solo, que eram exportados para a metrópole. O pequeno povoado era constituído por cerca de cinquenta famílias, que trabalhavam exaustivamente na extração dos metais. Os pólos extrativistas situavam-se cerca de quinhentos metros da borda do povoado, e eram constituídos de dois grandes tambores, camuflados de montanhas, com vegetação abundante. Uma paisagem deslumbrante ao lado de uma pequena população.
Dentro destes tambores, que possuíam entrada através de uma gruta, uma série de escadarias e passarelas foram construídas para que os trabalhadores pudessem descer e acessar a região extrativista. A vista interna parecia um espaço completamente oco, um túnel horizontal vazio com um complexo de estruturas de metal para circulação de pessoas e de metais.
Mas Joan não sabia nada disso. Joan tinha uma curiosidade específica na entrada da gruta, um lugar tão precário e abandonado, mas sempre tão vigiado por câmeras.
Certa madrugada, Joan subiu o morro e começou a cavar a vegetação, pois queria acessar a gruta para entender como era sua cavidade.
Joan cavou tanto que provocou um enorme deslizamento de terra, que abalou a estrutura dos tambores. Tudo desmoronou.
Joan foi soterrade juntamente com toda matéria que escondia a extração clandestina. Joan abriu os olhos sob escombros e viu os cadáveres de antigos trabalhadores que haviam desaparecido.
Sem empregos, a população local passou a se dedicar à agricultura.
Tag: mineração
Lapsos de Tempo #6
Pedrinhas – Lugar Mágico
Em toda grande metrópole há um sítio grandemente benquisto por seus habitantes locais. Imagina um lugar que funciona como um ponto de encontro para fortalecer o lado social; um lugar cujos turistas e viajantes fotografam sem piedade e de maneira predatória buscando o ângulo perfeito; um lugar que, de tão nobre, mostrou ao mundo toda sua magia e encanto. Hoje me dedicarei a apresentar Pedrinhas, lugar mágico no pequeno grande povoado de Bonito Cenário Profundo.
Bonito Cenário Profundo emergiu como um povoado a partir da ocupação dos grandes vales que se encontram ao centro de uma placa tectônica estável. Geologicamente monótono, o povoado ganhou fama na década de 30 por apostar alto em uma arquitetura fantasiosa, que remetia à um certo futurismo Jetsoniano, uma visão bem à frente de seu tempo. O povoado desenvolveu-se com vários campos tecnológicos de extração, exploração, estudos e indústrias do mineral abundante em seu solo, o Gnaisse, que viria a ser o símbolo de que o porvir já havia chegado ao presente, e que o presente, agora, já era coisa do passado.
O circuito de produção e desenvolvimento era tão complexo para a época, que foram necessários 90 anos para que várias ideias de urbanismo fossem colocadas em prática, mesmo depois da compreensão falida em relação ao modelo de cidade futurista que foi pensada naqueles tempos. O Gnaisse, rocha de extrema dureza, era retirado do solo para servir de estrutura das torres que eram utilizadas de escritórios e residências. O espaço deixado pelas rochas no solo, era ocupado por água de rios, fazendo com que os vales se enchessem rapidamente e inundassem as cavernas rochosas por baixo da cidade.
Com o passar do tempo e a indisponibilidade de recursos para extração e estudos, além do baixo investimentos em tecnologias de produção, as construções em Gnaisse tiveram que ser abandonadas, transformando o povoado de Bonito Cenário Profundo em um povo fantasma, um grande vale úmido com imensas torres de pedra.
A virada de jogo apareceu quando pessoas de várias partes do mundo, aterrissavam na região para conhecer a cidade perdida de Gnaisse. Várias lendas, mitos, boatos e rumores correram os quatro cantos do globo terrestre, e a cidade compreendeu um verdadeiro boom populacional, com muitas pessoas interessadas em viver na região.
Acontece que com o passar dos anos, parte da história se perdeu. Quem vivenciou o auge político-econômico da região já não se encontra mais neste plano. Porém, um resquício da história pode ser vista a olhos nus na região que ficou conhecida como “Pedrinhas”. Pedrinhas é um complexo de três grandes blocos de Gnaisse, possivelmente utilizados na construção civil, e que se tornaram parte definitiva da história que é contada hoje. Os blocos já foram solo, já foram torres, e agora são bancos.
Os moradores que costumam se encontrar no sítio arqueológico são autodenominados Gnaissianos, e eles podem sentir forças mágicas que atuam na região dos blocos. Há quem diga que existe um momento do dia em que se pode escutar vozes vindas dos blocos, mas é apenas em um momento específico em que o sol ilumina por igual as três grandes rochas.
O Governo local conseguiu um alvará no Ministério Internacional de Exploração do Turismo em Lugares Mágicos para utilizar o rótulo de “Lugar Mágico”, comprovando que muito do que se falava sobre a região é, de fato, realidade. Pedrinhas entrou na lista dos lugares mais visitados do mundo, perdendo apenas para Paris na França, mas conta com o maior número de hashtags publicadas nas redes sociais, liderando as buscas por turismo fotográfico.
Pedrinhas, Lugar Mágico, badalado e agitado no coração cêntrico da região monótona de Bonito Cenário Profundo.

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