Passou-se muitos meses desde quando eu iniciei a pintar o muro da casa de uma amiga e o término da pintura. Fico impressionado com a minha velocidade na hora de fazer algum trabalho. Deve vir da paciência do ato de gravar, mas na minha concepção, arte feita sem paciência, com pressa, não me satisfaz.
O muro era um muro antigo, alto, com dois portões grandes, uma portaria, e ladrilhos em relevo. A minha ideia inicial era pintar utilizando a forma e o relevo dos ladrilhos (isso me atrapalhou muito) tentando fazer algo que fosse mais “orgânico” e com influências do mural de Portinari da Igreja da Pampulha.

Desde quando eu comecei a pintura vários imprevistos surgiram. Eram dias de calor demais, e eu acabava ficando enjoado. Eram dias de muita chuva, e eu não trabalhava nesses dias. Às vezes tinha que fazer outros corres, às vezes tinha que comprar mais tinta, às vezes não ia ter ninguém em casa. Comecei a pintura, e pacientemente fiz 4 tons de azul, marquei algumas coisas com o branco e comecei a pintar.

O fundo seria predominantemente azul, em vários tons, com duas árvores no entre portões. O processo de pintura do fundo foi o mais demorado. Pacientemente pintando lado a lado de cada relevo do ladrilho, depois de algumas semanas, finalmente o fundo tomou forma.
Depois de terminar o fundo azul, veio a parte das árvores. Uma parte bem complexa para mim. Devido ao meu daltonismo, tive muitas dificuldades em conseguir fazer com tinta branca + pigmentos vários tons de verde e vários tons de marrom. Para piorar a minha situação, eu tinha me apegado muito à forma dos ladrilhos, e não consegui fazer uma árvore que ficasse boa, que desse um bom contraste.
Juntamente com a dona da casa, chegamos a conclusão de que a árvore não estava legal. Em conjunto com as nuvens feitas no fundo azul, ficou parecendo escolinha infantil. Impossível discordar dessa afirmação. Deixei de lado tudo isso, para me concentrar nos portões. Sem pressa eu iria bolar um plano para arrumar o que não estava legal.
Os portões foram a parte mais fácil. No fundo, sapequei vários tons de azul em spray, claramente “imitando” a Igreja da Pampulha. Cortei um estêncil com a imagem de um pássaro, o mesmo pássaro da Portinari, e fiz um padrão nos portões, alternando a cor do pássaro dependendo do fundo. Feito sem maiores dificuldades. Aproveitei, também, para remover as nuvens.
Para trabalhar na árvore, Natália <3, a pessoa das boas ideias, conseguiu me fazer desapegar da forma dos ladrilhos e passar a usar spray, material que eu já estava mais acostumado, e que, de fato, me ajudou com o resultado final.

O resultado final foi um aprendizado para mim. Aprender a desapegar de uma ideia que não deu certo e buscar soluções para melhorar. O resultado ficou satisfatório para mim, para os moradores da casa e para a Nat, e eu não podia deixar de agradecer todos eles pela paciência, pelas ideias, pela disponibilização do espaço e pelo tempo que passamos juntos conversando, pintando, tomando um café e bolando as ideias. Valeu demais Sofia, Denize, Andreia, Willy, Nat, e todo mundo que passou para dar uma força.
É vida que segue!!