Reflexões sobre a oficina no Memorial

No dia 27/07 eu fui convidado para propor uma oficina voltada para crianças no Memorial Minas Vale. Enviei duas propostas e a equipe do educativo curtiu a proposta de uma oficina de impressão de estêncil. Colocamos as diretrizes: média de idade entre 7 e 12 anos, público passante, estêncil com referências ao acervo do local, máximo de 15 pessoas na oficina para não tumultuar, oficina com 2 horas de duração. Tudo certo. Eu e minha esposa fomos ao Memorial fotografar algumas peças para usar de referência e tivemos várias surpresas. Não sei se é o meu preconceito com Museus e Galerias, ou com o Circuito da Pça da Liberdade, ou com as grandes empresas que dominam tudo, mas o local me impressionou bastante. Muitas obras sobre Minas Gerais, praticamente contando a história da Estado, tem pintura rupestre, objetos, maquetes, referências contemporâneas, literárias, tem coisa do Sebastião Salgado, sala multimídia… te confesso que me deu um certo pesar de não conhecer este espaço antes.

A oficina foi em um sábado e eu passei toda a sexta feira cortando estêncil para a oficina. A maior parte das matrizes foram sobre pinturas rupestres. Fiz também o mapa regional de Minas Gerais em três matrizes, fiz um de uma decoração do Memorial e outro de um objeto bem específico, mas que representa bastante MG.

Chegamos em ponto e começamos a arrumar a mesa. Alguns membros da equipe do educativo me auxiliaram durante o processo, bem como minha esposa, parte essencial da fluidez do trabalho.

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Logo foram chegando o público do museu, e muitos já chegavam cedo para a oficina, para não perder lugar. A partir daí foram as duas horas mais curtas pelas quais eu já passei na minha vida. Chegavam e chegavam pessoas, traziam seus filhos, perguntavam coisas, pediam papel, eu e Natália, minha esposa, naquela correria de tentar atender todo mundo, explicar como funcionam as técnicas de impressão, como fazer com a tinta, etc. Nusga, quando vi já estava quase na hora de encerrar a oficina. Crianças e adultos de todas as idades acabaram fazendo a oficina. Isso mesmo, não se limitou à faixa entre 7 e 12 anos. Tinham crianças mais novas, adolescentes, jovens, adultos, muitos pais fazendo acompanhando filhos mais novos, sobrinhos e sobrinhas, muitas pessoas de outros estados passaram por ali, e eu pensando em quão rica pode ser uma experiência assim em uma manhã de sábado. Uma mãe presente me disse que gosta de ir fazer essas oficinas porque são os momentos em que ela consegue distrair do cansaço do dia a dia. Outro pai foi ajudar o filho, e o filho não gostou, então ele mesmo foi fazer a pintura/impressão dele. Vários familiares perguntando sobre os materiais, pois viram que são coisas simples de se fazer, e que, apesar da bagunça, entretém as crianças muito mais que um celular brilhando na cara delas. Algumas crianças se sujavam, pintavam com as mãos, outras eram mais sérias, queriam fazer algo esteticamente interessante, outras fizeram várias composições. Cabuloso. Muitas crianças vieram me agradecer ao final da oficina, e nisso eu me derreto. Adoro quando me agradecem por algo que eu compartilhei/ensinei/ajudei. Talvez seja o grau de satisfação que me eleva e me faz entender que estou na área certa, apesar dos pesares.

Enfim, só tenho a agradecer a todxs que participaram e ajudaram nesse rolé. Foi muito massa.