Sobre distanciamento social

Já fazem alguns dias que não saio de casa. Atualmente morrem 3.000 pessoas por dia no mundo e isso é sim uma estatística preocupante. O isolamento/distanciamento social é algo necessário para que esse número não seja tão grande, ou não aumente em uma proporção mais catastrófica.

Para além dos casos diários a tarefa de “ficar em casa”tem sido estranha. Treinar desenhos, letras (o que eu faço nessa área estão nos destaques do Instagram), uma técnica ou outra de pintura que eu trouxe do meu atelier e que é mais fácil transportar e guardar, ler algumas notícias, ver séries, ler alguns capítulos de livros, lavar vasilhas, comer/fazer comida. Essa tem sido uma rotina. Parece que eu vivo em um looping de tarefas. Estou sem entender se eu repito muito o dia anterior, ou se isso é normal e vai passar. É uma sensação estranha, não consigo não pensar nisso. Mas imagino que muitos que adotaram a política de isolamento/distanciamento também estão passando por algo similar.

É impressionante o quanto me dá vontade de fazer coisas que antes podia fazer, mas que preferia não fazer por N razões (falta de tempo, dinheiro, trabalho, desgaste), e acho que talvez esse seja o meu maior desejo agora: sair tranquilo, reforçar as interações sociais, minhas redes. Essa coisa de conversar por Skype com as pessoas me fizeram ver o quanto sinto falta delas e de muitas outras, que eu sei que me fazem bem. Se antes eu não saía, hoje me dá vontade de sair a qualquer custo. Mas eu sigo no meu looping diário, pelo menos até esses tempos sombrios terminarem.

Uma coisa que tenho feito muito também é olhar fotos de viagens. Lugares que visitamos e que hoje estão completamente desertos. Tempos muito felizes em lugares muito massas, talvez nunca mais sejam os mesmos. E eu vejo o passado e penso no futuro, o que será dele? Daqui um ano, como será que lembraremos desse 2020? Lembraremos dos momentos difíceis, das interações virtuais, de estatísticas de mortes, das políticas adotadas por políticos? Ou lembraremos do quanto sentíamos falta de nossa vida pública, daquelas amizades que fortalecemos nesse presente bizarro?

Se cuidem!