Pela ferrovia subterrânea

O primeiro livro que li em 2021 foi o “Underground Railroad – Caminhos para a liberdade” do escritor estadunidense Colson Whitehead. Que livro cares leitores, que livro!

Foi impossível parar de ler. Li de uma maneira frenética, adentrando todo esse universo e não consegui parar de ler nem quando o livro terminou. Fui ler o livro extra que a TAG manda, bem como pesquisei sobre o autor.

Não sou crítico literário, então vou escrever o que quero escrever sobre minha leitura aqui. Não espere uma crítica profunda, cheia de relações históricas, análises de personagens e essa coisa toda. Quis escrever sobre esse livro por conta das analogias com o anarquismo que eu encontrei nesse livro.

O anarquismo é uma ideia e um movimento. Age por debaixo dos panos, nas vielas, nos becos, no submundo, nas entrelinhas, na literatura, na ação, na coletividade. A Ferrovia Subterrânea me trouxe muito dessas ideias. Uma rede construída por várias mãos e mentes anônimas, para fazer com que negros consigam sua alforria na fuga para estados não-escravistas. Soa como o anarquismo e toda sua “ilegalidade” na busca pela liberdade e pela autonomia. Existem pessoas dispostas a ajudar e, no final, todos se ajudam por um bem maior. No final, no processo, no começo.

A ideia surge, é compartilhada. E quem são os que ousam buscar os caminhos que chegariam lá?

A Ferrovia são as redes. O Trem são as ideias. O Destino é a liberdade.

“A ferrovia subterrânea é maior do que seus operadores. É todos vocês também. Os pequenos aguilhões, os troncos principais, temos as mais novas locomotivas e os motores mais obsoletos, e tem um carro movidos a manivela como aquele. Ela vai a toda parte, há lugares que conhecemos e a lugares que não conhecemos. Temos esse túnel bem aqui, correndo embaixo de nós, e ninguém sabe pra onde ele leva.”

Não lembro a página

Várias pessoas em várias lugares diferentes, construindo a Ferrovia, sem saber exatamente onde chegariam, mas com a certeza que conseguiriam a liberdade. Ideias circulando, redes se articulando. O anarquismo é muito maior que as pessoas. Não pode ser morto, nem acabado. É um conjunto de ideias e ações, experiências e compartilhamentos.

A Liberdade é um conceito diferente para cada ser. Bem como autonomia. Basta compreender o significado dessas palavras e você terá chegado no seu destino? E o que basta saber para que todos chegássemos aos nossos destinos?

A Ferrovia Subterrânea para mim foi uma analogia às redes de contrainformação dos “de baixo”. Não consegui desvincular desta ideia em nenhum momento do livro.