Aula de Registro de Impressão de linóleo/xilo – parte 2

Já está disponível no meu canal de Youtube a segunda parte da aula de registro de impressão para linoleogravura e xilogravura. É uma técnica que requer um pouco mais de cálculos em relação à primeira técnica, e que vai funcionar para fazer gravuras com várias matrizes, ou mesmo matriz perdida. Espero que gostem.

Referências para criar

Uma das coisas mais difíceis na hora de produzir é saber exatamente o que fazer. Vou tentar elencar algumas coisas que me ajudam a movimentar as ideias para tentar chegar a algum lugar. Nesse post tento dialogar, novamente, com Priscapaes que é uma artista que tem me dado alguma luz nesse túnel que é o processo de produção.

1 – Tenha um caderninho de rascunhos, sketchbook, ou o celular sempre disponível. Eu costumo ter ótimas ideias enquanto pedalo, e antes eu sempre perdia essas ideias por esperar o momento certo para anotar. Eu comecei a usar o recurso “Mensagens Salvas” do Telegram para me lembrar dessas ideias. O celular está sempre próximo enquanto pedalo, e acho que não custa nada anotar ou gravar essas ideias para não se perder. Quando preciso esboçar alguma coisa, sempre busco na nuvem do Telegram essas ideias que eu guardei.

2 – Prestenção nas músicas que você escuta e nos livros que você lê. A partir dessas duas dificílimas tarefas é de onde vem várias de minhas ideias. Sou muito influenciado pelas bandas que escuto. Punk, Hardcore, Rap, Cumbia, sempre tem alguma ideia nas letras que te faz querer produzir sobre. Com as leituras acontece o mesmo. Livros são ótimas referências de ideias. Uma boa literatura de ficção, sociedade, contos, registros, tudo isso eu trago para o que eu faço.

3 – E sua rotina, onde entra nisso? Em tudo. Muito do meu trabalho dialoga com os meus afazeres diários. Pedalar, ouvir música, ler, brincar com o cachorro, lavar vasilhas, assistir/jogar rugby. Tudo tem a ver, e por mais que você não perceba, isso aparece nos seus esboços de forma frequente.

4 – Uma das ferramentas mais interessantes para começar a produzir é o diálogo. Diálogo com outros artistas, com sua mãe, seu pai, seu cachorro, com o vizinho, com alguém que você não conhece. Diálogo com o que você lê, com o que você escuta, com o que você vive e com o que sente. Quando você fala sobre seu trabalho, ou sobre o que pretende trabalhar, e escuta sobre o que outras pessoas fazem, produzem, trabalham, pensam, sua mente vai a milhão, fervilhando ideias que dialogam com essas interações. Nunca subestime o poder do diálogo.

5 – Recentemente, em uma oficina de Zines com a Papelícula, descobri sobre a escrita de fluxo. É algo que a gente faz para começar a movimentar as ideias. Consiste em escrever o que está pensando naquele exato momento, ainda que seja para narrar as tarefas do dia, descrever algo para o qual estamos olhando, qualquer coisa. Apenas escreva o que vier na cabeça, sem planejar muito, sem se importar com ortografia. Esse texto pode chegar a lugar algum, mas vai colocar a cabeça para trabalhar um pouco e isso pode ser a faísca que faltava para começar a criar.

6 – Busque referências sempre. Claro que nem tudo vai servir de boa referência, mas é importante entender as soluções estéticas e técnicas que outras pessoas utilizaram para produzir alguma coisa. Isso já dá uma ideia do resultado que você almeja e vai te incentivar a buscar esse conhecimento de produção. O Pinterest é uma fonte interessante, onde você pode guardar no seu banco de imagens as referências que te interessam, mas tem muita porcaria lá também, inclusive muita propaganda, tome cuidado com isso. Mas guardar imagens que sirvam de referências é uma ideia interessante, e você pode, muito bem, fazer isso fora do Pinterest ou da internet. Você encontra muitas referências visuais no ambiente urbano, nos livros, na imaginação, nos encartes de discos. Entenda como discernir as boas referências.

7 – Registre o processo de produção sempre. Quando você ver que as coisas começam a fluir, escreve sobre isso, anote, deixe registrado. Isso pode te ajudar a desembolar alguma outra ideia, é sério. O que você tentou fazer para uma determinada imagem não deu certo, mas pode dar muuito certo em outra imagem, em outra ideia. É sempre bom revisitar esses registros de processos e eu, pelo menos, considero uma parte importante da produção.

Eu escrevo aqui essas coisas até para me ajudar a me lembrar de todas essas táticas para conseguir sair do lugar. Produzir não é fácil, eu acho bem difícil, mas essas coisas ajudam a sair um pouco do lugar da inércia.

Aula de registro de impressão – parte 1

Já está disponível no meu canal do YouTube a terceira aula online e gratuita desta série que estou gravando durante o isolamento social.

Trata-se da primeira de três técnicas de registro de impressão que irei ensinar. Essa é a mais simples delas. O registro é fundamental para que sua tiragem seja regular, e também para facilitar o encaixe de outras camadas, se houver.

As aulas são gratuitas e estarão sempre disponíveis, mas se você quiser e puder há um sistema de doação voluntária e de qualquer valor para auxiliar na manutenção das oficinas.

Espero que gostem, e se houver qualquer dúvida não deixem de entrar em contato.

Saludos.