Durante a quarentena tive a oportunidade de trabalhar como impressor serígrafo para dois artistas. Na real, os trabalhos eram para ser entregues antes da pandemia, mas o isolamento acabou atrapalhando um pouco meu processo.
O primeiro trabalho foi para o artista André Nicolau, que me procurou para fazer impressões de suas ilustrações, e parte foi para o Projeto Arte Pela Cesta, que trocava cestas básicas por arte e ajudava pessoas e comunidades em situação de carência e vulnerabilidade. A arte em si tava bem massa, a gravação ficou muito boa, mas eu tive um pouco de dificuldade com a mistura de cores pra poder imprimir, rs. Daniel de Carvalho, Natália e o próprio artista André Nicolau me auxiliaram nessa fabricação. O processo em time lapse bem como o resultado pode ser conferido no vídeo a seguir.
Por intermédio do Ricardo Reis Erre Erre, fiz essa impressão em três cores com a ilustração de B. Perini. Essa foi um desafio um pouco maior, pois tive que fazer alterações manuais no laser film que estava causando diferenças tonais e marcas que não deveriam haver. Filmes corrigidos, telas gravadas e 150 cópias em 3 cores (450 impressões, ufa). O processo em time lapse e o resultado da impressão pode ser conferido no vídeo a seguir.
Eu e minha companheira, Natália, estávamos com a ideia de fazer umas peças de Jogo Americano aliando os estudos dela de costura com meus estudos de arte/serigrafia. Já tem alguns meses que começamos a planejar, e o projeto foi caminhando bem lentamente. Para começar o projeto, criamos modelos de corte e costura de jogo americano, pesquisamos um bom tecido para essa finalidade e compramos para deixar tudo pronto.
Nosso segundo passo foi trabalhar na arte da estampa. Como queríamos algo feito de forma bem artesanal, optamos por utilizar arte geométrica, desenhada com régua para criar o estilo. Busquei referências nas padronagens, principalmente de, Kayapó-Xikrin e Asurini para criar a estampa do Jogo americano. As referências que eu utilizei estão presente no livro “Grafismo Indígena”, organizado por Lux Vidal.
Depois de pesquisada as referências, chega o momento de criação. Queríamos um desenho geométrico, que ocupasse toda a borda do Jogo que se fosse uma faixa contínua. Optamos pelas linhas paralelas em diagonais, alterando a espessura da linha, e separadas por triângulos chapados. Uma alusão ao cesto Pacará, com as tramas bem demarcadas. Todo o desenho foi feito apenas utilizando lápis e régua, sem nenhum tipo de processo digital.
Depois de ter o esboço pronto foi o momento de criar o laser film para poder gravar a tela de serigrafia. Foram utilizados 2 papéis vegetais tamanho A3 colados juntos, para conseguir obter um desenho grande. Todas as linhas foram feitas com canetas POSCA (1M, 3M e 5M), pois é um dos poucos materiais onde você consegue um preto opaco em papel vegetal. Infelizmente o vegetal, por ser muito fino, costuma enrugar um pouco devido à carga de tinta da caneta POSCA.
Depois de gravada a tela é hora de decidir as cores que iremos utilizar. Os panos que compramos são vermelho e azul marinho, e a ideia era usar a mesma cor para estampar nos dois. Decidimos pelo dourado pois chamaria atenção em ambas cores, ficaria bem legal e ainda daria um ar mais elegante pro objeto. Utilizei tinta Gênesis Hydrocril e uma tela 44 fios, um rodo amarelo e o mesmo berço de camisas com cola permanente para fazer as estampas. Ainda não fechamos a costura para dar o acabamento, mas fiquei tão empolgado com o resultado desta etapa que decidi escrever esse post antes mesmo de finalizar.
Em breve coloco aqui o resultado da costura com o acabamento todo certinho e se tudo der certo, estará disponível para venda na Loja Virtual. Grande abraço e espero que tenham gostado.
Disponibilizei para venda mais um policromia que eu fiz. Desta vez, optei por pontos em formato elíptico que, em teoria, me daria uma riqueza maior de detalhes. Como a foto de referência foi diferente eu perdi a oportunidade de comparação entre as duas possibilidades. Mas o resultado me agradou muito. Para as próximas, talvez eu tente diminuir um pouco os pontos para ter ainda mais detalhes, vamos ver.
Neste mês de Junho estou retomando as atividades em meu atelier. Fiquei um tempo parado, tentando trabalhar em casa e, desde o início deste mês, iniciei uma série de reformas no meu espaço de trabalho. Ainda precisando aquecer as técnicas, andei treinando algumas coisas para retomar as atividades, reorganizar os espaços, ver os materiais que ainda tenho disponíveis, o que ainda dá para usar, formas de trabalho e locais de produção. Isso tudo é um processo de reorganização para me adequar à rotina de trabalho novamente.
Uma das técnicas que andei treinando na serigrafia é a de POLICROMIA. Policromia é uma técnica de impressão em 4 cores básicas (ciano, amarelo, magenta e preto – CMYK) em que o resultado fica bem próximo de uma imagem fotográfica. A combinação destas 4 cores, consegue fazer com que nossos olhos enxerguem uma gama gigantesca de tonalidades. Desde 2014 que eu não trabalhava com essa técnica, e acho que foi um bom momento para testar meu conhecimento.
Impressão separada das cores Ciano, Magenta, Amarelo e Preto
A policromia é um conjunto de pontos, de diferentes cores e tamanhos, e é justamente esse efeito que engana os nossos olhos. É a forma gráfica do que podemos chamar de realismo na serigrafia artesanal. Como veremos nas fotografias a seguir, os pontos possuem diâmetros diversos, e nas fotografias utilizando uma lente MACRO, podemos ver detalhes da sobreposição destes pontos.
Já faz um tempo que eu, juntamente com migs, temos um Clube do Livro. Não é que a gente siga os moldes tradicionais de todes lerem os mesmos livros pra gente discutir em um encontro, mas é uma justificativa para trocarmos e indicarmos leituras uns aos outros, encontrar para comer e beber, trocar ideias e se rolar da galera ler o mesmo livro, aí fica um encontro mais daora ainda. Apenas conseguimos realizar essa façanha do todes lerem o mesmo livro agora no isolamento, pois fizemos votação de pdf’s, onde cada um indicou um livro que existe em pdf, ebook, etc, e todos votavam no que acharam a melhor opção, sendo que você não podia votar na sua própria opção. Deu certo!! O encontro virtual tem rolado sempre no segundo sábado de cada mês, e para comemorar, decidi escrever um pouco sobre o processo de produção da bolsa de guardar e transportar livros. Já tínhamos conhecimento da existência desse objeto, vimos vários modelos, treinamos a costura e decidimos criar o nosso próprio.
Modelos e provas de molde
No meu primeiro esboço, pensei em colocar elementos que fazem parte dos nossos encontros. Livros, vinho e pão, pois representam parte da essência do encontro pois, como disse no primeiro parágrafo, é um local de trocar e indicar livros, conversar sobre, comer e beber. Também adicionei uma faixa descrevendo o nome do encontro, e acima de tudo a indicação de propriedade “Ex Libris”, fazendo a associação com o motivo do encontro.
Molde final, esboço de linhas, teste de contraste
Depois de medir os tamanhos, de forma que coubesse um livro pequeno, um kindle ou até um livro maior e mais grosso, conseguimos chegar a um tamanho satisfatório. Minha esposa fez os moldes e cortou o pano Americano Cru para que fizéssemos as bolsas.
Arte final pronta para gravação
Depois de discutir com todo o grupo alguns elementos que iriam para a imagem, adicionamos as folhagens da parte inferior, o vaso de cactus e a parreira, deixando a imagem com um ar mais fluido, clássico, chique e refinado. Finalizei a imagem com caneta Posca, marcando as linhas, as hachuras e os contrastes, deixando a arte final pronta para gravar a tela de serigrafia.
Tela gravada e tudo pronto para a impressão. O Americano Cru enruga um pouco após cada impressão, e eu ainda fiquei meio bolado se a impressão, ao secar, ficaria meio torta. Acabou que não ficou, e depois eu também descobri que é sempre bom lavar o Americano Cru antes de silkar, para as tramas se ajustarem. Depois vou fazer um teste assim pra saber se fica melhor ou não.
Impressões no americano cru, um pouco enrugadas.
Trabalho de silk finalizado, hora de fechar a costura e dar o acabamento que falta. Deixamos um túnel na borda para passar um cordão e poder fechar a bolsa. Resultado bem satisfatório. Livros protegidos para transporte, com direito a personalização do nosso Clube.
Olar pessoal. Andei gravando e editando alguns vídeos mostrando o processo de impressão de estampas em serigrafia. São vídeos gravados, em sua maioria, em time-lapse, com edições bem cruas. A ideia é depois fazer uns vídeos mais explicativos, mas ainda preciso aprender a trabalhar com essas novas mídias.
O primeiro vídeo foi do processo de impressão em duas cores do poster “La Idea/Puro Borde”, com as cores preta e branca na camisa amarela. Minha companhia no trabalho foi da @nataliaumm e o vídeo pode ser conferido abaixo. A trilha sonora ficou por conta da banda Deez Nuts, tocando “Fight For Your Rights” da lendária Beastie Boys.
A camisa pode ser comprada através da Loja Virtual
O segundo vídeo é o processo de impressão na camisa preta, com tinta branca, na frente e nas costas da camisa. A tinta de cor clara em superfície escura precisa receber várias mãos de tinta para que o branco fique branco. Nesse caso, após a passada da camada de tinta, aproximamos o soprador térmico para secagem instantânea da tinta, e assim receber outra camada de branco. Nesse processo, eu e @_marcoscortez produzimos as camisas do Estúdio de Tatuagem Skins, de Conselheiro Lafaiete. A trilha sonora é do Freddy Madball, com as músicas “The New Black” e “Y que?”.
Tentarei sempre criar vídeos dos processos de produção. Se houver algo que você queira ver, me dá ideia pelos comentários.