Litografia, e as saudades de uma época de pesquisa intensa

Recentemente postei um vídeo no YouTube sobre a litografia. É um compilado de pequenos vídeos gravados entre 2014 e 2017, nos tempos em que eu estudei litografia na Casa da Gravura, da Escola de Belas Artes da UFMG. Entre 2014 e 2015, eu trabalhei no atelier por 3 semestres, e ainda prestei serviços de impressão em 2016.

Para quem não sabe, litografia é uma técnica de impressão em pedra calcária. A pedra, muito sensível à gordura, é granitada para planificar a superfície e eliminar rastros de gordura. Logo após, faz-se um desenho com material gorduroso (tusche ou crayon são os mais comuns, mas pode-se usar lápis dermatográfico, carbono, suor, digitais, óleo de cozinha ou qualquer material gorduroso) e o mesmo é fixado na pedra com a utilização de ácido nítrico e/ou fosfórico diluída em goma arábica. A concentração da solução de ácido e o tempo de exposição determinam o quão escuro ou claro ficará os traços que você fez. Pode-se isolar alguns lugares com goma árabica pura, bem como fazer margens. Ainda no processo de gravação, antes de remover a goma acidulada, há de remover os resíduos de gordura com aguarrás e substituir por “tinta miolo”, que é um tipo de tinta gráfica. Repete-se o processo de limpeza e ácidos, remove-se a tinta miolo com solvente e a pedra já está pronta para início de impressão. Nesta parte é imprescindível que a pedra esteja sempre úmida para receber o rolo de tinta gráfica e a tinta fixar em sua quantidade correta apenas nas áreas de gordura do desenho. A impressão é feita colocando a pedra entintada e um papel sob o desenho, e passando por uma prnesa que chamamos “prensa de faca”, pois a pressão é feita por uma superfície plana que concentra a força em apenas um feixe da pedra. Pode parecer complicado e trabalhoso, e realmente é, mas essa parte é o que faz da litografia ser tão especial na minha vida.

Durante pelo menos 4 anos eu pesquisei intensamente a técnica, ajudei muitos alunos, prestei serviços para artistas experientes, até me formar e ainda não consegui montar aparatos no meu atelier para voltar a trabalhar com a técnica. Tenho saudades de trabalhar com isso, e me admira muito quem conseguiu fazer isso fora do ambiente universitário.

Desde 2017 que eu tenho um desejo real de estudar no Instituto Tamarindo, referência em litografia no mundo, mas minhas condições financeiras não permitem, pois estudar e morar nos Estados Unidos não é nada barato.

Claro que o processo que eu descrevi acima é muito simplório, e faz tanto tempo que eu não trabalho com isso que eu posso me enganar em alguma parte do processo. Sem prática isso acaba sendo normal. Enquanto meus planos não se concretizam, eu me divirto e fico saudosista com os vídeos da época de faculdade.

A trilha sonora é toda da banda H2O.

Bons tempos.