NUH! Festival de Artes Gráficas

Dias 16, 17 e 18 de junho eu estarei na Funarte participando do NUH! Festival de Artes Gráficas. Serão 3 dias de atividades, mostras de vídeos, feiras, palestras, exposições, mostra de vídeos, live-painting, DJ´s, etc… Estarei com todo meu leque de gravuras, camisetas, adesivos, zines, spokecards, prints e cartazes para venda.

16 de Junho – Sexta – das 18 às 21h
17 e 18 de Junho – Sábado e Domingo – das 11 às 19
Funarte – MG: Rua Januária, 68 – Centro de BH

Mais planos

Chegando na reta final de apresentação do TCC, prestes a me formar em Licenciatura em Artes Visuais, o planejamento para os próximos meses começa a maquinar na minha cabeça. Eu já estava pensando em algumas mudanças na estrutura e mobiliário do meu atelier, com a finalidade de liberar espaço para adquirir novos equipamentos e aproveitar melhor o espaço ocioso em alguns lugares.

Começando pela cozinha, necessito urgentemente de um armário ou despensa para guardar utensílios domésticos e mantimentos. Já estamos olhando isso e é capaz da gente adquirir algo barato, para quebrar o galho até conseguirmos uma estrutura melhor. Também é necessário equipar o espaço para a produção de chocolates e bombons, comprar um aparador mais alto para a coluna agradecer no final do dia.

A sala de serigrafia também será alterada. Preciso contratar um serralheiro para criar uma estrutura de apoio para as telas de serigrafia ficarem guardadas suspensas. Também uma estrutura para apoiar as telas de maneira horizontal para secar emulsão no escuro. A ideia é, também, investir em uma mesa de luz a vácuo para gravar as telas, eliminando a utilização de livros como peso, e até para gerar uma gravação mais precisa também. Além disso, adquirir mais dois berços de impressão de estampas e uma mesa mais extensa, para colocar as telas descansando enquanto imprime outras cores. Talvez essas mudanças serão o investimento mais alto no atelier, mas que, no final, vai valer muito a pena.

Na sala principal, a ideia é adquirir mais módulos de estantes para guardar o restante dos livros e mais algumas outras miudezas que estão sem espaço. O móvel da sala também será eliminado, pois não aguentou o peso dos discos de vinil e da televisão e cedeu em diversas partes. Ainda precisamos estudar as possibilidades nesse local.

No quarto de produção, preciso de mais módulos para guardar materiais, ou alguma estrutura tipo mapoteca de gavetas que suporte papéis e matrizes. Atualmente eu uso uma cômoda, que está comigo há mais de 15 anos, e recentemente ela também não aguentou o peso dos papéis, cedendo em diversas partes. A ideia da mapoteca é justamente comprar uma que suporte o peso, e que suporte papéis de grandes formatos, tipo A2, pois eu não tenho onde guardá-los. Também é necessário colocar uma mesa de vidro ou tábua de corte em cima da mesa de trabalho, para esticar tinta de gravura e cortar stencil. Também há a possibilidade de cortar stencil em algum suporte portátil, mas este precisa ser grande, pois estou com projetos megalomaníacos para produzir. Também é necessário a compra de cadeiras e bancos, preferencialmente dobráveis, que possam ser guardados. Há a necessidade, também, de pendurar os quadros nas paredes que não possuem infiltrações (tomando todo cuidado para não mofar os quadros), e construir suportes para os rolinhos de borracha e, assim, liberar os cabideiros para roupas, bolsas e aventais.

Na parte externa, necessito pintar o muro, e já estou olhando isso com alguns amigs para fazer um mural coletivo. Também, colocar plantas para aproveitar a área externa, bem como bancos , caso alguém queira situar-se por lá. Na área externa, também colocarei um tanque para lavar telas, já estou vendo isso com um amigo, e quando instalado, poderei limpar o chão, que anda encardido de tinta, emulsão e químico de serigrafia.

Para finalizar essa parte de reformas, preciso terminar a pintura das portas e janelas, iniciadas ano passado, e que foram descontinuadas. Também, pintar com stencil a parte interna para decorar o espaço, alguns padrões de tom sobre tom, estou estudando ainda como farei, mas acho que vai rolar.

Tudo isso, porque estou com muitos planos de produção e de aulas e quanto mais eu puder investir no espaço, mais eu boto fé que trabalharei. Eu gosto de fazer o que faço, e acho que isso tudo vai ajudar a dar um gás nas minhas ideias.

A Loja Online anda um pouco parada, mas em breve eu volto a colocar novidades.

Reflexões sobre a oficina no Memorial

No dia 27/07 eu fui convidado para propor uma oficina voltada para crianças no Memorial Minas Vale. Enviei duas propostas e a equipe do educativo curtiu a proposta de uma oficina de impressão de estêncil. Colocamos as diretrizes: média de idade entre 7 e 12 anos, público passante, estêncil com referências ao acervo do local, máximo de 15 pessoas na oficina para não tumultuar, oficina com 2 horas de duração. Tudo certo. Eu e minha esposa fomos ao Memorial fotografar algumas peças para usar de referência e tivemos várias surpresas. Não sei se é o meu preconceito com Museus e Galerias, ou com o Circuito da Pça da Liberdade, ou com as grandes empresas que dominam tudo, mas o local me impressionou bastante. Muitas obras sobre Minas Gerais, praticamente contando a história da Estado, tem pintura rupestre, objetos, maquetes, referências contemporâneas, literárias, tem coisa do Sebastião Salgado, sala multimídia… te confesso que me deu um certo pesar de não conhecer este espaço antes.

A oficina foi em um sábado e eu passei toda a sexta feira cortando estêncil para a oficina. A maior parte das matrizes foram sobre pinturas rupestres. Fiz também o mapa regional de Minas Gerais em três matrizes, fiz um de uma decoração do Memorial e outro de um objeto bem específico, mas que representa bastante MG.

Chegamos em ponto e começamos a arrumar a mesa. Alguns membros da equipe do educativo me auxiliaram durante o processo, bem como minha esposa, parte essencial da fluidez do trabalho.

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Logo foram chegando o público do museu, e muitos já chegavam cedo para a oficina, para não perder lugar. A partir daí foram as duas horas mais curtas pelas quais eu já passei na minha vida. Chegavam e chegavam pessoas, traziam seus filhos, perguntavam coisas, pediam papel, eu e Natália, minha esposa, naquela correria de tentar atender todo mundo, explicar como funcionam as técnicas de impressão, como fazer com a tinta, etc. Nusga, quando vi já estava quase na hora de encerrar a oficina. Crianças e adultos de todas as idades acabaram fazendo a oficina. Isso mesmo, não se limitou à faixa entre 7 e 12 anos. Tinham crianças mais novas, adolescentes, jovens, adultos, muitos pais fazendo acompanhando filhos mais novos, sobrinhos e sobrinhas, muitas pessoas de outros estados passaram por ali, e eu pensando em quão rica pode ser uma experiência assim em uma manhã de sábado. Uma mãe presente me disse que gosta de ir fazer essas oficinas porque são os momentos em que ela consegue distrair do cansaço do dia a dia. Outro pai foi ajudar o filho, e o filho não gostou, então ele mesmo foi fazer a pintura/impressão dele. Vários familiares perguntando sobre os materiais, pois viram que são coisas simples de se fazer, e que, apesar da bagunça, entretém as crianças muito mais que um celular brilhando na cara delas. Algumas crianças se sujavam, pintavam com as mãos, outras eram mais sérias, queriam fazer algo esteticamente interessante, outras fizeram várias composições. Cabuloso. Muitas crianças vieram me agradecer ao final da oficina, e nisso eu me derreto. Adoro quando me agradecem por algo que eu compartilhei/ensinei/ajudei. Talvez seja o grau de satisfação que me eleva e me faz entender que estou na área certa, apesar dos pesares.

Enfim, só tenho a agradecer a todxs que participaram e ajudaram nesse rolé. Foi muito massa.

Reflexões sobre proposta de material didático

Sobre a minha proposta intitulada “Experimento Desapego Cubista Coletivo” que foi planejada no último semestre, surgiram-me algumas questões no decorrer da aplicação, e que irei tentar refletir um pouco sobre. A ideia inicial era criar uma roda de desenho de observação com a composição ao centro, em que o suporte, o material, o sensitivo e o ângulo de visão do observador/desenhista alterariam a todo tempo, fazendo com que o processo seja coletivo e completamente despreocupado com a questão estética, focando muito mais no processo de observação e de produção, que no resultado em si. Essa troca de materiais era feita sempre com um comando meu, que estava na posição de professor.

A proposta foi colocada em sala de aula no ambiente universitário e aplicada para meus colegas de curso que, e eu agora compreendo, são muito mais abertos à experimentações artísticas que pessoas de outros contextos. Eu utilizei restos de materiais e de papéis, e distribuí diferentes canetas, canetinhas, marcadores, giz, lápis, etc. para todos. A princípio correu tudo muito bem, apesar de ter ficado um pouco longo demais. Após o término da atividade, alguns colegas fizeram observações interessantes e que me fizeram mudar, um pouco, a forma de aplicação da proposta. Alguns me falaram para dar autonomia de comando para outras pessoas da roda, para encurtar o tempo da proposta, para compreender outras formas de aplicação, e para adaptar tudo isso a um ambiente escolar.

O resultado foi bem interessante, mas um pouco longe do que seria o resultado esperado na minha proposta inicial. Como eu tinha imaginado, depois de um tempo, os observadores deixaram de prestar atenção na composição para se concentrar no que já estava desenhado no papel, e como eles iriam intervir naquele suporte dali em diante. Isso não foi uma surpresa para mim. O que me intrigou foram os relatos em que muitos já não queriam mais desenhar naquele suporte porque, assim, estragaria/atrapalharia o que já estava desenhado. Essa parte me deixou um pouco confuso, mas também intrigado, pois o desapego ao resultado era uma parte importante da proposta. Concentrar-se no processo, no que poderia ser feito, em como intervir dali em diante, era uma prática que eu esperava como forma de imaginação, de criatividade e uma fuga da questão formal da arte, com todas suas técnicas e pragmatismos. E acho que isso aconteceu até certo ponto, mas perdeu-se em determinado momento. A estética formal venceu.

Na última quinta-feira, 27/06, fomos a uma escola da rede municipal para aplicar, em um contexto escolar, as nossas propostas. Algumas dificuldades surgiram bem de imediato, como a quantidade de alunos, o formato/tamanho da sala e as carteiras. Foi completamente diferente trabalhar com 16 alunos universitários, estudantes de licenciatura em artes, e com 30 jovens da 8ª série. Por mais que eles foram bem receptivos comigo, com a proposta que eu levei e com meus colegas que estavam lá para me dar um suporte, conseguir uma organização foi complicado, sobretudo depois do recreio. A sala possuía um formato retangular, era estreita e a organização circular dos alunos ficou um pouco estranha. As carteiras ficaram grandes demais para esse círculo e, em certo ponto, atrapalharam a dinâmica da proposta. Foram distribuídos papéis aleatórios, marcadores, canetinhas, giz de cera e foi feita uma composição improvisada no centro da sala. Os alunos compreenderam bem a proposta, e estavam observando a composição enquanto desenhavam. A cada comando de troca de suporte, haviam gozações sobre os desenhos de outros colegas, e eu a todo tempo tentava lembrá-los que beleza é subjetiva, que depende de cada um, e que a beleza estética não era uma preocupação que devíamos ter ali, naquele momento.

Alguns compreenderam e seguiram fazendo a proposta, mas grande parte estava mais preocupada em encontrar “defeitos” no desenho alheio que realizar a proposta em si. Não que tenha sido frustrante, mas eu realmente esperava outra coisa. A questão de desenhar “bem” ou “mal” nunca me importou, e isso não faz parte das propostas que eu coloco nas oficinas que eu dou. Cada um desenvolve o desenho à sua maneira, e é isso que cria o seu estilo. É isso que cria a diversidade de traços, a diversidade de olhares e, para mim, é o que torna a arte interessante. Não me importo com rigor técnico em aulas de artes.

Em determinado momento, eu pedia para os observadores trocarem de lugar, para mudar um pouco o ângulo de visão, o ponto de vista. Foi nesse quesito que eu acho que as carteiras atrapalharam um pouco, pois com elas em círculos atrapalhavam a entrada e saída. Pode ter sido bom o fato de esse ter sido o tempo de descanso e de relaxamento entre eles, pois afastavam um pouco da proposta naquele trânsito caótico entre corpos, e isso é uma questão que eu ainda preciso pensar mais. Quase chegando na metade, eu nomeei um dos alunos para dar os comandos, e eles foram revezando entre si para dar 3 ou 4 comandos sobre a mudança de suporte e de material. Essa parte foi de total autonomia. Eles decidiam qual o comando, o tempo de permanência em cada comando, e quem seria o próximo a comandar. Achei bem interessante o fato de que não houve brigas e discussões nesse momento, e eles aceitavam numa boa o que o colega propunha.

Ao final da atividade, conversamos brevemente sobre o resultado, alguns ficaram com os desenhos, outros me devolveram. Os que ficaram, pegaram o suporte que eles mesmos iniciaram o desenho. Naquele momento já haviam várias intervenções e quase não dá para distinguir quem desenhou o que. Para eles, o que eles começaram era propriedade deles. Independente se outros interviram ali. O resultado do processo foi importante para eles. Talvez muito mais que o processo, que o desenvolvimento. E eu ainda preciso repensar a minha proposta para chegar a esse desapego. Acho que não consegui com nenhuma das duas aplicações. Ainda estamos presos ao formalismo técnico, à uma hierarquia estética. Mas fico feliz que tenha sido bem recebida por todos.

As fotos dos universitários e dos alunos do fundamental estão misturadas.